Slow Food e Heritage Foods África juntos na Kilifair Tourism Fair

De 7 a 9 de junho, as redes Slow Food da África oriental (Slow Food Tanzânia, Uganda e Quênia), em parceria com a Fundação Heritage Foods Africa, participaram da 2019 Karibu-Kilifair em Arusha, Tanzânia. A Kilifair é uma feira internacional anual da indústria do turismo ao ar livre, que reúne operadores e companhias de turismo da região do Kilimanjaro, da Tanzânia e de toda a África oriental.

A parceria entre o Slow Food e a Heritage Foods Africa promove alimentos tradicionais produzidos de forma boa, limpa e justa, e seu estande ganhou o primeiro prêmio na categoria “Estande com melhor decoração e construção mais impressionante”, entre 445 expositores. Um debate sobre a importância das tendências da produção alimentar em relação à mudança climática e à urgência de mudar a mentalidade ao pensar sobre o futuro da agricultura e dos alimentos foi particularmente interessante.

“Os membros da equipe da Heritage Foods Africa montaram um estande de forma criativa, com materiais tradicionais, naturais e reciclados. O Slow Food Quênia, Uganda e Tanzânia participaram do estande, e deram cor às prateleiras com alimentos secos, em pó, salgados, fermentados, amanteigados, assados, crus, frescos e processados. Foi realmente um trabalho de equipe entre a Heritage Foods Africa e o Slow Food”, afirmou Marlies Alpers-Gabriel, fundadora da Heritage Foods Africa. Rose Swai, do Slow Food Tanzânia, continuou: “O destaque foram os nossos almoços diários preparados por chefes da Aliança de Cozinheiros Slow Food de Uganda, Quênia e Tanzânia. Esses almoços deliciosos, limpos e justos deram mais sabor ao estande, e as pessoas trouxeram a atmosfera! O nosso estande conseguiu representar a espírito da Kilifair como vitrine da África oriental. O estande chamou muito a atenção de todos e conseguiu plantar sementes importantes.”

No estande

Seguindo o exemplo do Terra Madre, o estande apresentou os produtos da Arca do Gosto e das Fortalezas Slow Food, produzidos por pequenos agricultores da rede Slow Food nos três países. Os visitantes aprenderam sobre muitos produtos, entre eles: o Mel de Abelha sem Ferrão de Arusha, do grupo de Mulheres Umangu da aldeia de Ngurdoto, perto de Arusha, na Tanzânia; as Urtigas Secas da Floresta de Mau, do Quênia; o café kisansa moído e em grãos de Luwero, da Fortaleza do Café Kisansa de Luwero, em Uganda; as variedades de painço da Fortaleza do Painço dos Teso de Kyere, também em Uganda.

No Mercado da Terra, foram apresentados produtos nativos, como a castanha-de-inhambane (Telfairia pedata, localmente conhecida como Kweme); maracujá-banana; variedades de banana verde, como a Kitarasa; inhame-da-índia; batata doce; e especiarias locais. Cada produto apresentado no mercado tem uma história e os representantes das redes Slow Food da África oriental, como Isaac Kabanda, coordenador do projeto da Arca do Gosto em Uganda, contaram essas histórias para conscientizar as pessoas. “Eu sempre tento explicar às pessoas o que há por trás de cada produto para que possam compreender os processos de produção e o seu valor”, explicou.

Durante a feira, a Heritage Foods Africa também chamou a atenção para os esforços realizados para resolver os conflitos entre elefantes e comunidades locais na região, com o Projeto Sparkling Elephant.

Na cozinha

Durante a feira, os chefs Slow Food de diversos países preparam suas especialidades, oferecendo aos visitantes uma amostra da biodiversidade local. Por exemplo, o chef do Slow Food Uganda Nassozi Kezia preparou Matooke n’Oluwombo, com bananas verdes da variedade Nakitembe local, cozidas com pimentões verdes, cebolas, curry, pasta de castanha-de-inhambane (Kweme) e cogumelos Luwombo, servidos em folhas de banana verde, nos pratos de barro tradicionais. A castanha-de-inhambane, conhecida como kweme, em Kiswahili, é originária da Tanzânia e Moçambique, mas já é conhecida em muitos outros países da África oriental. Essa trepadeira sobe nas árvores, participando do sistema complexo de cultivo do grupo étnico local Chagga. É um sistema em risco de extinção, devido ao desmatamento massivo. A conservação da castanha-de-inhambane é um dos alicerces da Heritage Foods Africa, que trabalha para promover essa castanha tão preciosa e o sistema alimentar em geral, com a produção de produtos especiais, sob o lema “Olhe para trás, cozinhe para frente”. Por essa razão, mudas de kweme foram postas na frente do estande para conscientizar sobre esse patrimônio alimentar em risco de extinção.

O chef do Slow Food Quênia, Martin Muhia Nyambura, embaixador do No Food Waste para o Slow Food, preparou Muhimo, um prato feito com folhas frescas de abóbora de Lare, batata doce de Muibaì e milho de Githigo. Por fim, James John Mshana, do Slow Food Tanzânia (atual chef da Heritage Foods Africa), e Elinuru Sululu, produtor da rede Slow Food, prepararam um prato tradicional da região do Kilimanjaro e Meru: carne da Ovelha Red Maasai com Ngandi, banana verde, feijão e castanha-de-inhambane com leite, acompanhado por uma variedade local de pepino e sopa Mtori.

Cozinhar pode ser uma ferramenta muito poderosa para produzir uma mudança sustentável, oferecendo comidas deliciosas que combinam inovação e tradição. O sucesso do Slow Food e da Heritage Foods Africa na feira demonstraram isso claramente. O desafio agora é manter o interesse externo, enquanto trabalham por um objetivo comum: usar a gastronomia para mudar a forma de produzir e consumir, para criar um ambiente alimentar sustentável, saudável e inclusivo.

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