Sabendo que esta edição do Terra Madre seria em grande parte digital, sabíamos que precisaríamos apresentar mais vídeos do que nunca.
Além dos formatos agora já conhecidos, como conferências e fóruns realizados via Zoom e outras plataformas, queríamos oferecer algo novo.
No final, optamos por dois formatos: o How It’s Made (Como é feito), que, como o nome indica, são vídeos mais práticos, mostrando uma receita, uma técnica, alguns aspectos práticos da produção alimentar; e os Food Talks, palestras de dez minutos sobre temas específicos, com especialistas apresentando sua visão do meio ambiente, da agricultura e da alimentação: uma imagem coletiva do futuro que queremos e precisamos.
Não tínhamos certeza de quantos vídeos poderíamos produzir durante os seis meses do Terra Madre, mas no final tivemos um tsunami de conteúdos: 45 Food Talks e 78 capítulos do How It’s Made! Porém, como a qualidade é para nós sempre mais importante do que a quantidade… para comemorar o fim desta jornada, decidimos fazer uma lista de dez dos nossos vídeos preferidos, que tivemos o prazer de apresentar durante o Terra Madre 2020-2021.
Portanto, sem uma ordem particular, aqui estão eles! Os 10 melhores vídeos do Terra Madre:
DAVID QUAMMEN – AS CONEXÕES ENTRE DESTRUIÇÃO ECOLÓGICA, PANDEMIA E OS ALIMENTOS QUE COMEMOS
Existem conexões entre a destruição ecológica, a pandemia e os alimentos que comemos. E são conexões importantes. Segundo David Quammen, todas as escolhas que fazemos como indivíduos e comunidades têm consequências. E essas consequências afetam a saúde dos animais, dos ecossistemas e nossa própria saúde. Alguns cientistas definem este conceito como “uma saúde”, destacando que o nosso bem-estar é interdependente.
ADOBONG MANOK: FRANGO COM CEREJAS E CANELA
Muitos pratos têm influências que se expandem e enriquecem ao longo dos anos, à medida que o próprio prato vai evoluindo. É o caso do Adobong Manok, uma receita de frango servido com cerejas e temperado com canela da floresta tropical de Cebu, nas Filipinas, uma receita com influências de diversas culturas. A nossa amiga Sweetie Maurillo nos guia pelas florestas, mostrando de onde vêm os ingredientes e, em seguida, mostrando como prepará-los. Nosso frango deve ser sempre orgânico e caipira: tem mais sabor e propriedades nutricionais!
JONATHAN FRANZEN – A BIODIVERSIDADE TORNA O AMOR POSSÍVEL
O que significa ser um continente verde? O que podemos fazer como indivíduos para tornar o planeta mais habitável? Qual é o curso de ação correto? Refletimos sobre algumas das grandes questões com o escritor Jonathan Franzen.
MARIANELI TORRES BENAVIDES – ÁGUA: UM BEM COMUM
O nosso planeta é coberto por 1365 km³ de água, 97% é salgada e apenas 3% é água doce. Toda esta água – salgada e doce – é a base de toda a vida no planeta para plantas, animais e seres humanos. Falamos da água como bem comum com Marianeli Torres Benavides, coordenadora nacional pela defesa do ecossistema dos manguezais no Equador.
KARSAMBAÇ – UMA SOBREMESA ÚNICA COM NEVE DE MONTANHA
Resul Kök é um colhedor de neve, nasceu em Çamlıyayla, uma cidadezinha no alto das montanhas Tarsus, sul da Turquia. Na primavera e no verão, Resul viaja a cavalo sozinho pelas montanhas, para recolher este gelo precioso, levando-o para a cidade, onde são adicionados xaropes doces, criando um dos segredos culinários mais bem guardados da Turquia. É o karsambaç: uma sobremesa feita com neve de montanha, um antepassado natural da granita e da raspadinha, uma especialidade popular de Tarso, apesar do pequeno número de pessoas que continuam colhendo a neve da forma tradicional.
O QUE É SEMEADO NO CAMPO: A MILPA
O nome milpa vem do Nahuatl, a língua original do povo asteca, e significa “o que é semeado no campo”. É um sistema mesoamericano complexo de consorciação de cultivos – em particular, milho, feijão e abóbora – que remonta à era neolítica. Durante muito tempo, a milpa representou a chave para garantir a segurança alimentar de muitos povos indígenas e rurais no México.
COZINHA DE RAÍZES – I-TAL É VITAL
Nós nos presenteamos com uma viagem à praia: mais especificamente, para Antígua, para descobrir o significado da cozinha i-tal, e o que significa usar ingredientes dadli, ou seja, de origem local, tradicionais e nativos de Antígua, também conhecidos como Wadadli pela população nativa. Quem nos guia nesta viagem é o chef rastafári Bongo First, que mostra como fazer uma sopa de legumes com taro, inhame, batata-doce e feijão, cozidos em leite de coco. Perfeitamente i-tal, perfeitamente vital!
MELANIE KIRBY – SEDUZIDA PELAS ABELHAS
Melanie Kirby, como tantas pessoas que trabalham nesse campo, fala da apicultura como de um processo de sedução, onde as abelhas seduzem os apicultores. O amor de Melanie por suas abelhas é um vínculo profundo, manifestado em linguagem poética, cheio de sentimento. Também foi amor à primeira vista, tornando-se ainda mais forte e autêntico na perspectiva de trabalhar num espaço sem paredes, com ar puro, flores e liberdade.
Da Rússia, um prato cujas origens ainda são debatidas. O estrogonofe é um dos grandes clássicos da cozinha russa do século XIX, que se tornou popular no mundo inteiro no século XX, com variações significativas da receita original. O estrogonofe de carne é composto de tiras de carne bovina, refogada e servida com a smetana, um molho de nata azeda preparado com nata fermentada e muito usada em toda a Europa Oriental. É um molho versátil, com sabor delicado e levemente ácido, que pode acompanhar tanto pratos principais quanto sobremesas, frias ou quentes.
CÉLIA XAKRIABÁ – OS PULMÕES DO MUNDO SÃO INDÍGENAS
A crise que estamos vivendo nos ensina que é necessário – e urgente – repensarmos, coletivamente, nossas vidas e nossa relação com os recursos naturais. E com os povos indígenas, cujos conhecimentos e cuja espiritualidade são fundamentais para a sobrevivência da raça humana.
É por isso que é importante entender que aqueles que sobrevivem à Covid-19, a essa guerra respiratória e planetária, terão que passar por uma segunda fase, igualmente dramática. Porque o planeta está em um estado febril, um estado de agitação. A sociedade, a humanidade, sem os povos indígenas, ficará com sede, mas só terá água suja. Uma sociedade sem os povos indígenas ficará com fome, mas só terá comida envenenada. A luta dos povos indígenas não é apenas para cuidar da Terra, é também para cuidar dos pulmões das pessoas, e acima de tudo os pulmões da Terra, que não estão bem. E os pulmões da Terra são indígenas.
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por Jack Coulton, [email protected]
Imagem da capa cortesia do www.independent.co.uk.