Há uma tendência crescente em alguns países da União Europeia, como Itália, Grécia, França ou Lituânia, de usar rótulos de alimentos mais precisos. Enquanto a Itália recentemente impôs a rotulagem obrigatória em pacotes de massa e arroz, indicando a origem do cultivo do trigo e do arroz, na maioria dos países da UE, a informação sobre a origem é praticamente inexistente nos rótulos de leite, laticínios, alimentos não processados e produtos de ingrediente único, como farinha e açúcar. A Iniciativa de Cidadania Europeia (ICE) “Eat Original. Unmask Your Food” (Desmascare os seus alimentos), que o Slow Food Europa apoia, pede que a Comissão Europeia imponha a obrigatoriedade da declaração de origem para todos os produtos alimentares para prevenir fraudes, proteger a saúde pública e garantir o direito dos consumidores à informação. A ICE foi lançada ano passado pela confederação italiana de produtores rurais, Coldiretti.
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A Comissão Europeia declarou, em 2013, que cerca de 90% dos Europeus consideravam necessário indicar a origem dos alimentos processados e da carne; e uma pesquisa de opinião realizada pelo Eurobarômetro no mesmo ano revelou que 84% dos cidadãos da UE achavam necessário o rótulo de origem para o leite.
Atualmente, é obrigatório indicar o país de origem de certos alimentos específicos, como mel; azeite de oliva; frutas e verduras frescas; carne bovina, suína, ovina, caprina e de aves fresca ou congelada. No entanto, há algumas derrogações, por exemplo, para carne moída, que pode ser rotulada simplesmente como “UE”, “não UE”, ou ambos “UE e não UE”. Por exemplo, em um caso investigado pelo jornal irlandês Irish Times, descobriu-se que muitos rótulos de mel dizem “proveniente de uma mistura de méis UE e não UE”, o que informa apenas que o mel pode vir de qualquer lugar do mundo.
A demanda para mais informações sobre o local de origem dos alimentos também está se tornando cada vez mais importante devido a um número crescente de casos de fraudes alimentares. Um dos escândalos de fraude alimentar mais famosos e recentes aconteceu na Europa em 2013, quando a autoridade de segurança alimentar da Irlanda, Food Safety Authority of Ireland (FSAI), denunciou a presença de carne de cavalo em hambúrgueres e comidas prontas congeladas baratas. Casos semelhantes foram relatados em 13 outros países da UE. Após uma investigação internacional, a origem da carne foi rastreada até a França. Os fornecedores franceses foram acusados de ter vendido a carne como “carne bovina desossada” cortada e preparada na França, mas supostamente sabiam que era carne de cavalo tratada na Romênia, Bélgica ou Canadá. O escândalo revelou um grande colapso na rastreabilidade da cadeia de abastecimento alimentar e demonstrou como o sistema é vulnerável na ausência de uma rotulagem de origem obrigatória.
Estima-se que a fraude alimentar na Europa cause prejuízos de até 12 bilhões de Euros por ano. O mais recente relatório mostra que a Itália e a Espanha têm o maior número de casos de fraudes alimentares na UE.
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Os cidadãos europeus têm o direito de propor mudanças concretas legais em qualquer domínio em que a Comissão tenha competência para apresentar uma proposta legislativa, como meio ambiente, agricultura, energia, transporte ou comércio. A ICE precisa ter o apoio de pelo menos 1 milhão de cidadãos da UE, sendo necessário um número mínimo de signatários de pelo menos 7 Estados-Membros para a Comissão tomar qualquer medida.