Slow Food: compromissos de Ursula von der Leyen sobre clima não podem ignorar a reforma da PAC e a perda de biodiversidade

19 Jul 2019

 width=O Slow Food Europe lamenta que as prioridades da nova presidente da Comissão Europeia, cuja nomeação foi aprovada pelo Parlamento Europeu na noite de terça-feira, não sejam suficientemente rigorosas e explícitas para enfrentar a crise climática.

Ursula von der Leyen, que será a Presidente da Comissão Europeia a partir de novembro, não sugeriu qualquer mudança das políticas agrícolas na Europa, que é uma das principais causas da mudança climática e da perda da biodiversidade. O Parlamento Europeu votou pela nomeação de von der Leyen com 383 votos à favor e 327 contra. Ela surgiu inesperadamente como candidata à presidência da Comissão depois de 48 horas de negociação entre líderes da União Europeia.

A recém eleita presidente da Comissão Europeia declarou que a mudança climática é uma de suas prioridades, dizendo que “manter o nosso planeta saudável é a maior responsabilidade e oportunidade de nossos tempos”. No entanto, como demonstrou a onda de protestos sobre o clima e os resultados das eleições europeias, a nova Comissão deveria abordar a mudança climática com muito mais firmeza do que antes.

O Slow Food Europe acredita, porém, que para abordar a mudança climática adequadamente, a ex-ministra da defesa da Alemanha precisa analisar a questão com muito mais profundidade do que apenas prometer atingir objetivos ambiciosos como a neutralidade climática até 2050 ou a redução de pelo menos 50% das emissões de CO2  até 2030.

“A nova presidente da Comissão dá grande ênfase aos compromissos climáticos, prometendo apresentar a primeira Lei Climática Europeia, além de propor objetivos ambiciosos, mas promessas de ser uma pioneira na luta contra a mudança climática são vazias, se não der detalhes das políticas que serão necessárias para atingir esses objetivos. Não se pode abordar a mudança climática com seriedade sem analisar a atual Política Agrícola Comum (PAC), que tem efeitos desastrosos para a agricultura, mudança climática e perda de biodiversidade na Europa”, diz Rachele Lodi, pesquisadora do clima e consultora internacional do Slow Food para a Europa.

No momento, a reforma da PAC continuará apoiando a agricultura intensiva, uma das maiores causas da perda da biodiversidade e da mudança climática. Um terço das emissões de gases de efeito estufa vem da produção agrícola industrial. Um recente relatório das Nações Unidas revela resultados alarmantes de um declínio da biodiversidade global “sem precedentes e em ritmo acelerado”.

“A defesa da biodiversidade está no centro do nosso trabalho no Slow Food. Acreditamos que uma estratégia coerente para a biodiversidade deve incluir a agricultura como um dos meios de recuperar o meio ambiente e a sua capacidade de produzir alimentos bons, limpos e justos. A biodiversidade da agricultura está no cerne da nossa segurança alimentar.”

O Slow Food Europe também acredita que é crucialmente importante que a UE lidere uma transformação fundamental do nosso sistema alimentar. Isso só poderá ser realizado com a criação de uma Política Alimentar Comum holística, que integre aspectos como saúde, comércio, agricultura, cultura, biodiversidade, mudança climática, bem-estar animal e muitos outros que giram em torno do alimento. O Slow Food Europe, com outras organizações, recentemente publicou uma carta aberta, pedindo que um vice-presidente da Comissão Europeia seja responsável por garantir a transição para sistemas alimentares sustentáveis. O Slow Food Europe convoca von der Leyen a apoiar essa solicitação para corrigir o déficit democrático nos sistemas alimentares e reequilibrar o poder.

Manifesto do Slow Food Europe para as Eleições Europeias 2019

 

 

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