COVID-19: Perspectiva da Rede Africana do Slow Food
20 Abr 2020

O coronavírus foi declarado uma pandemia global em março de 2020 e, desde então, se espalhou para mais de 50 países africanos, onde os casos confirmados aumentaram exponencialmente dos poucos importados até muitas contaminações locais, o que resultou em efeitos devastadores na saúde e no bem-estar socioeconômico.
À medida que a África continua registrando mais casos diariamente, muitos governos usando sua experiência no gerenciamento de doenças altamente infecciosas no continente optaram pela aplicação antecipada de diretrizes estritas de distanciamento social, enquanto outros rapidamente declararam bloqueios totais, permitindo apenas atividades essenciais relacionadas à alimentação, saúde, serviços bancários e segurança de continuarem funcionando.
A crise alimentar iminente
Em muitas comunidades em todo o continente onde o bloqueio foi implementado, o foco e a preocupação estão mudando das implicações com a saúde por conta do COVID-19 até a iminente crise alimentar, que lentamente, mas constantemente, está começando a se manifestar em muitas áreas urbanas, principalmente atribuída à mobilidade reduzida de alimentos das áreas produtoras para os principais mercados, bem como os efeitos que o surto de coronavírus impôs às práticas agrícolas gerais em muitas partes do continente. Embora os preços dos alimentos em muitos países como a Tanzânia e o Malawi permaneçam estáveis, em alguns países como Uganda, Quênia e Nigéria, para mencionar apenas alguns, os preços dos alimentos básicos, como arroz e farinha de milho, tiveram um aumento recorde, resultado da especulação de comerciantes de alimentos que se aproveitam da situação, à medida que os consumidores tentam estocar alimentos em preparação para os tempos difíceis no futuro. Isso deixou a maioria dos residentes urbanos que não têm contas bancárias estáveis e muitos dos trabalhadores informais na mão, sem a pouca comida disponível nas principais cidades do continente.
Alguns governos, para combater esta crise alimentar acentuada por conta da situação do coronavírus, optaram pela ajuda alimentar de emergência após uma forte incidência dos cidadãos e das organizações da sociedade civil, como a Rede Slow Food em alguns países africanos, que levantaram uma forte necessidade de trazer segurança alimentar para as discussões de resposta ao COVID-19.

A voz do Slow Food Africa em meio à crise do COVID-19
Como Rede Slow Food na África, entendemos que a pandemia de coronavírus no continente africano tem graves impactos na segurança alimentar de muitas comunidades já vulneráveis, por isso não paramos de conversar com as autoridades locais sobre a iminente crise alimentar, bem como usando os meios de comunicação disponíveis para continuar dialogando com a crescente rede do movimento Slow Food em diferentes partes do continente sobre o valor de manter as Hortas Slow Food em diferentes comunidades, escolas e casas nesses momentos difíceis.
Em Uganda, Quênia, Tanzânia e na República Democrática do Congo, mesmo que as sessões presenciais de aprendizado da Slow Food Academy sobre agroecologia tenham sido temporariamente suspensas, conforme diretrizes do governo, as discussões sobre como a filosofia do Slow Food e a agroecologia podem melhorar o sistema alimentar na África estão em andamento. Materiais, tópicos de discussão e experiências continuam sendo compartilhados entre os participantes, usando as plataformas virtuais de mídia social criadas pelos coordenadores.
A Rede de Jovens Slow Food da África realiza regularmente videoconferências para manter o planejamento de eventos on-line, compartilhar ideias e incentiva histórias em todo o continente, graças aos jovens líderes altamente inovadores de diferentes países que mantiveram visível o trabalho de nossas comunidades locais. Os jovens têm um grande papel a desempenhar neste momento desafiador, quando o continente e todo o planeta precisam de mais empreendedores sociais e inovadores, amigos do planeta, para superar uma série de crises, muitas delas resultantes de erros e cobiça humana.

Slow Food Garden in Africa
O papel das Hortas Slow Food
As Hortas Slow Food continuam a ser de grande valor para muitas comunidades, fornecendo diversos alimentos frescos. Continuamos os motivando como líderes da rede Slow Food, incentivando nossas comunidades, onde os membros ainda têm acesso a hortas, a plantar sementes de esperança e de boa saúde, para alimentar as comunidades e nossas famílias durante a crise COVID-19 e mais além, porque ninguém tem garantia de quando toda essa confusão de coronavírus chegará ao fim. Continuamos a incentivar nossas comunidades a compartilhar generosamente sementes, alimentos e conhecimentos com outros membros por meio de diferentes plataformas, enquanto atendemos às diretrizes de saúde e segurança emitidas pelas autoridades relevantes.
É importante que o acesso a terras agrícolas, sementes e recursos hídricos seja incluído na medida de resposta das autoridades africanas, como etapas básicas para combater a crise alimentar resultante do COVID-19 no continente africano.
Ao ficarmos em casa, não devemos esquecer o poder terapêutico de uma horta caseira gerenciada ecologicamente e a sua capacidade de fornecer alimentos saudáveis tão necessários durante esse momento difícil. Este não deve ser um momento de desespero, mas um momento para refletir sobre o impacto humano no planeta e como podemos virtualmente nos apoiar para nos recuperarmos da atual corrente de crises que o Slow Food sempre tentou abordar. Vamos nos manter fisicamente separados, mas continuaremos conectados socialmente pela luta que nos une e pelo Movimento Slow Food que reúne globalmente nossos esforços para um sistema alimentar bom, limpo e justo.
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