A biodiversidade alimenta o planeta
03 Fev 2015
Quando você estiver lendo este artigo, faltarão pouco mais de dois meses para a Expo 2015. Desde 1851, a Exposição Universal é o palco dos feitos mais ambiciosos do homem, um momento para compartilhar inovações, avanços tecnológicos, descobertas. Desde então, a cada cinco anos, pessoas de todo mundo se reúnem – este ano, serão 140 países e organizações internacionais participantes e mais de 20 milhões visitantes esperados – em torno de temas de grande atualidade e de interesse universal. E nenhum outro tema, da perspectiva do Slow Food, é mais atual que a alimentação, que a necessidade de garantir a todos o acesso a um alimento bom, limpo e justo. “Alimentar o planeta”, sim, mas de forma sustentável: garantindo, de um lado, a proteção dos recursos naturais e, de outro, o bem-estar social e econômico dos produtores. Um alimento bom, produzido respeitando o ambiente e que gera uma renda adequada para quem produz é a escolha certa também para o consumidor.
Para o Slow Food, participar da Expo significa compartilhar com um número maior de pessoas a experiência de um movimento que sempre tratou de questões ligadas ao alimento e à agricultura, adotando uma visão holística, sendo, assim, uma grande oportunidade para divulgar a nossa mensagem. Uma oportunidade que decidimos aproveitar, apesar das muitas críticas: a compra dos terrenos para a realização do evento, o excesso de edificações no local e a grande incógnita sobre o destino do local depois de concluído o evento.
Um outro elemento crítico se refere aos protagonistas do próprio evento. Pois quem terá espaço e visibilidade será também o mundo da agroindústria, a que vende o alimento como commodity, como mercadoria, privando-o de seu valor cultural e espiritual. Um alimento que não apenas não alimenta o planeta, mas é a origem de um dos maiores paradoxos da nossa época: o alimento produzido poderia alimentar 12 bilhões de pessoas, no entanto, 850 milhões de pessoas são malnutridas. Justamente por isso, a presença do Slow Food e de outras organizações da sociedade civil é necessária. Para mostrar que o alimento que nutre o planeta é outro, é o alimento com uma alma, um coração, uma história. Como comentou Carlo Petrini, “A Expo 2015 não deve ser uma feira apenas para os consumidores, mas uma oportunidade para reunir agricultores, pescadores, pastores e produtores artesanais, dando a sua contribuição para a discussão sobre o papel político do alimento. Os protagonistas do evento devem ser os produtores do nosso alimento do dia a dia.”
O Slow Food ocupará uma vasta área da Expo: 3500 metros quadrados dentro da área internacional, atrás do Decumano, a rua que percorre o local do evento de leste a oeste, perto de uma das entradas principais e ao lado de uma grande Colina Mediterrânea, coberta de figueiras, oliveiras e árvores de frutas cítricas. O projeto e a montagem são do escritório de arquitetura Herzog & de Meuron, um nome de prestígio que conseguiu interpretar da melhor forma a nossa filosofia e traduzir o conceito de sustentabilidade em elementos arquitetônicos. O espaço Slow Food será formado por três estruturas modulares de madeira, que evocam o aspecto das casas típicas da paisagem rural lombarda. No final do evento, poderão ser facilmente desmontadas e reutilizadas em outro local.
O espaço será dividido em três áreas principais, todas com acesso livre. A primeira área será dedicada a um caminho expositivo e didático em etapas, que inclui fotos, vídeos, jogos interativos e instalações dedicadas aos temas fundamentais da associação: proteção da biodiversidade; agricultura sustentável, familiar e de pequena escala; direito a um alimento bom, limpo e justo; luta contra as monoculturas, agricultura intensiva e desperdício de alimentos. Da teoria se passa, depois, à prática. O segundo espaço mostra a biodiversidade através da cadeia de produção de leite e derivados. Leite e queijos para conhecer e degustar ao vivo a biodiversidade animal (de raças e espécies diversas) e de derivados, fruto do conhecimento de gerações de produtores. Aqui, os visitantes poderão adquirir uma degustação que mudará a cada semana (com 4 tipos diferentes de queijos italianos e europeus) e um copo de vinho (a enoteca será administrada pela Banca del Vino di Pollenzo). No terceiro espaço, uma área dedicada a oficinas, conferências, exposições, encontros com os produtores e muito mais, aprofundando os temas relativos à alimentação – e um espaço informativo para conhecer melhor a associação Slow Food e folhear as publicações, participar de um jogo para reconhecer a qualidade do leite. No espaço central, por fim, serão instaladas diversas hortas para mostrar um dos projetos centrais da estratégia Slow Food. As hortas comunitárias e escolares do Slow Food representarão alguns temas fundamentais para o futuro do alimento: sustentabilidade; preservação de sementes locais; promoção do alimento local, fresco e sazonal; necessidade de uma reaproximação entre cidade e campo; o prazer de uma relação redescoberta com a terra; a troca de conhecimentos entre gerações…
Com esta newsletter, além do website, manteremos todos atualizados sobre as novidades da nossa Expo. Convidamos todos para visitar o nosso espaço e para degustar a biodiversidade.
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