O Slow Food celebra o Dia Mundial das Leguminosas com um ano de iniciativas que envolvem os cozinheiros

07 Feb 2023 | Portuguese

O desafio exige a inclusão de leguminosas que tornem os cardápios mais sustentáveis em 2023

No dia 10 de Fevereiro, o Slow Food celebra o World Pulses Day (Dia Mundial das Leguminosas), instituído pela FAO reconhecendo o potencial das leguminosas para o cumprimento dos objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Esta comemoração representa uma oportunidade única para despertar o conhecimento público sobre os legumes e o papel fundamental que eles desempenham na transição para sistemas agroalimentares mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis visando uma melhor produção, melhor nutrição, melhor ambiente e uma melhor vida, sem deixar ninguém para trás.
É muitas vezes difícil transmitir o conceito “alimentar-se da biodiversidade para salvá-la” e é por isso que, o Slow Food quis envolver também os cozinheiros que participam de sua rede internacional (Cooks’ Alliance) na data mundial que celebra as leguminosas, convidando-os a incluir mais legumes e leguminosas em seus cardápios pretendendo assim, a cada prato, aumentar a conscientização e mitigar o impacto ambiental.
Francesco Sottile, membro do Conselho de Administração do Slow Food, agrônomo e especialista em biodiversidade alimentar e agroecologia, afirma: “As leguminosas fixam o nitrogênio da atmosfera e o disponibilizam para as plantas permitindo assim que os agricultores reduzam o consumo de fertilizantes sintéticos, de acordo com as práticas agroecológicas. As leguminosas, além de serem vegetais que não requerem muitos recursos, possuem a capacidade de tornar nossos solos mais férteis e isto é de grande importância para as áreas menos favoráveis para o cultivo. O cultivo de leguminosas tem, em geral, uma pegada ambiental bastante baixa, tanto em relação ao uso da água quanto às emissões de GEE. Quando cultivadas em sistemas de cultivos intercalados, as espécies de leguminosas resistentes à seca e com raízes profundas podem fornecer água subterrânea para outras plantas e ajudar as pessoas que vivem em ambientes secos. Quando valorizamos o papel das leguminosas, agimos em favor da preservação da biodiversidade alimentar.”
Slow Food vem promovendo a produção e o consumo de leguminosas há mais de 10 anos com a rede Slow Beans network, que reúne agricultores, ativistas, cozinheiros e todos os que se interessam pela família Leguminosae. Queremos valorizar estes cultivos por seus muitos aspectos positivos, mostrando também sua imensa biodiversidade.
A rede Slow Beans trabalha por meio do cultivo desses vegetais e da organização de várias iniciativas, tais como eventos promocionais e campanhas como o recente Let It Bean!, que visa envolver as administrações locais em parcerias com organizações, como Meatless Monday (Segundas sem Carne).
 O grupo local Slow Food Saarland na Alemanha realizará pela 8ª vez as semanas do Legume (26 de fevereiro a 12 de março) juntamente com restauradores renomados, para promover alimentos e tradições alimentares que correm o risco de serem esquecidos tentando assim trazê-los de volta à vida e torná-los mais conhecidos. As cantinas, que são parte da história de sucesso das semanas dos legumes, também participarão em 2023. O objetivo das semanas dos Legumes é apresentar ervilhas, feijões, lentilhas e similares em toda a sua diversidade e proporcionar aos convidados uma experiência de sabor.
O Slow Beans na Itália também é um evento itinerante anual através do qual os visitantes podem conhecer os produtores que cultivam leguminosas quer na Itália quer fora dela. Em 2023, o Slow Food Itália juntamente com sua rede de jovens (SFYN Itália) retoma a iniciativa lançada no ano passado “Aggiungi un legume a tavola” (Traga um legume para a mesa), convidando a Aliança dos Cozinheiros Italianos a incluir em seus cardápios pelo menos um prato em que as leguminosas sejam protagonistas: em 2022, mais de 140 cozinheiros de toda a Itália aderiram à iniciativa.
Outro exemplo virtuoso é a campanha anual do Slow Food USA “Plant a seed” (Plante uma semente), que em 2022 foi toda voltada para 6 incríveis feijões contemplados na Arca do Gosto: Santa Maria Pinquito, Rockwell, Four Corners Gold, Cherokee Trail of Tears, Arikara Yellow e Hank’s Xtra Special Baking Bean. A cada ano, eles reúnem um conjunto de sementes raras e biodiversificadas que narram uma história, para aumentar a conscientização sobre clima, saúde e justiça alimentar, e encerram a campanha realizando os bean suppers (Jantares com Feijão) da Costa Leste à Costa Oeste. Ações como esta podem realmente alcançar resultados tangíveis que melhoram a saúde, o meio ambiente e os sistemas alimentares em todo o mundo.  O catálogo internacional da Arca do Gosto dos alimentos ameaçados de extinção contempla 301 variedades de legumes.
 
Richard McCarthy, membro do Conselho de Administração do Slow Food, que tem desempenhado papéis locais e globais em comunidades em crescimento através da alimentação, comenta: “O sistema alimentar global de hoje não consegue garantir a segurança alimentar e a saúde. A sustentabilidade ambiental e social continua a ser sacrificada para favorecer o desenvolvimento econômico. São necessárias ações políticas fortes para mudanças sistêmicas. Mesmo sentindo-nos impotentes diante de tantas questões críticas, acreditamos que todos nós, de acordo com as próprias possibilidades, podemos desempenhar um papel nesta transformação, ainda que seja apenas optando por incluir mais legumes em nossas vidas! Os legumes são realmente um de nossos maiores aliados na luta por dietas mais saudáveis, mais sustentáveis e acessíveis para todos”.
Existem atualmente, no mundo, 55 Fortalezas Slow Food dos legumes, do Bulgarian Smilyan bean ao La Guajira Cowpea da Colômbia, do Jeju Island Fermented Green Soybean Jang da Coreia do Sul ao  Modica Cottoia Fava Bean da Sicília na Itália.
Sob cada uma das 55 Fortalezas, há uma comunidade de produtores inspirada na filosofia Slow Food, um alimento tradicional feito com legumes ligado a um território, um patrimônio cultural e um legado de conhecimentos. Estes produtos correm o risco de desaparecer dos campos e de nossas mesas, devido ao avanço da monocultura agrícola industrial. Ao fazer parte das Fortalezas, os produtores podem ser capacitados e instruídos para melhorar a qualidade dos seus produtos e a sustentabilidade da produção; os produtos e seus lugares de origem são promovidos através de apresentações em eventos; os produtores podem se conectar a mais produtores de outras regiões em seus países ou em outras partes do mundo, a cozinheiros e varejistas, a especialistas como agrônomos e a universidades, a jornalistas e a consumidores.
Este dia 10 de fevereiro marcará o início de um compromisso, cada vez mais marcante, do Slow Food para com a implementação de uma transição proteica justa rumo à agroecologia. As iniciativas serão muitas em todo o mundo, com leguminosas desempenhando um papel fundamental para um futuro sustentável.
Você pode encontrar mais informações, fotos, vídeos, histórias e materiais sobre o trabalho do Slow Food para promover leguminosas aqui

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