A Política Agrícola Comum: Mantendo Altas Ambições na Europa

27 Nov 2020 | Portuguese

Em 24 de novembro, o Slow Food apresentou um evento on-line “A Política Agrícola Comum: Mantendo Altas Ambições na Europa”, com a participação de representantes da Comissão Europeia (da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural), dos Ministérios de Agricultura da Alemanha e Itália, e agricultores e especialistas da rede Slow Food na Itália e Alemanha.

A votação final sobre a nova Política Agrícola Comum (PAC) ocorreu no Parlamento Europeu em outubro passado, frustrando as esperanças de uma política agrícola preparada para lidar com os desafios mais graves de nossas necessidades futuras, e para incentivar novas sinergias entre os agricultores, os homens e a natureza. Enquanto os Estados-Membros elaboram seus planos estratégicos nacionais para adaptar a nova PAC aos contextos nacionais, a discussão de ontem foi uma oportunidade importante para trocar ideias sobre o futuro da agricultura na Europa, e pontos de vista sobre a questão: esses planos irão responder às ambições ambientais e sociais do Pacto Ecológico Europeu (Green Deal)?

“Há evidências crescentes de que os sistemas alimentares agroecológicos são a solução: promovem o sequestro de carbono, preservam a biodiversidade das culturas e protegem a biodiversidade de nossos ecossistemas. O Slow Food ficou feliz em ver que a agroecologia está mencionada na Estratégia do Prado ao Prato (Farm to Fork) bem como na Estratégia de Biodiversidade. Estava na hora”, afirmou Marta Messa, diretora do Slow Food Europa. “É fundamental que os planos estratégicos nacionais para a PAC venham ao encontro das ambições ambientais e sociais do Pacto Ecológico Europeu”. Ambições mais baixas comprometeriam ainda mais o bem-estar de nossos ecossistemas e da sociedade, ameaçando a existência de pequenos produtores agroecológicos, algo que não podemos nos permitir.”

Amadé Billesberger, agricultor orgânico na Alemanha, destacou o paradoxo das atuais políticas alimentares: “Os pequenos produtores são os guardiões da biodiversidade e da qualidade. A atual PAC leva as pequenas explorações agrícolas a fechar, fazendo com que as grandes cresçam ainda mais.” Por que os agricultores recebem financiamento independentemente de sua forma de cultivar alimentos? Eu queria que a PAC vinculasse os subsídios europeus ao cultivo de solos saudáveis.”

A agricultura é um tema complexo, estreitamente interligado com outras questões importantes: a mudança climática, a saúde, e o futuro de nossos filhos. Como afirmou Gijs Schilthuis, Chefe de Unidade na Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Comissão Europeia: “As políticas agrícolas precisam se adaptar aos desafios atuais”, sendo o modelo convencional de produção industrial de alimentos uma das causas principais da perda de biodiversidade, poluição de água e atmosférica, e da mudança climática. Passamos de dizer “Precisamos de uma Política Agrícola Comum” para “Precisamos de uma Política Agrícola Comum inserida numa política alimentar mais ampla.”

Os representantes dos Ministérios da Agricultura da Itália e Alemanha reconheceram que é preciso tomar medidas em nível nacional para mudar para uma política alimentar e agrícola mais sustentável e mais ecológica. “Em termos de alocação de subsídios, os objetivos da PAC são muito claros e ambiciosos, mas é a forma correta de proceder, pois representa 30% do orçamento europeu”, comentou Fabio Pierangeli da Itália. “Precisamos fortalecer o tecido socioeconômico das nossas áreas rurais, que enfrentam desafios significativos como o despovoamento”, acrescentou Gisela Günter, referindo-se à situação alemã.

As discussões em nível nacional sobre como organizar a nova PAC nos contextos nacionais se beneficiariam muito trazendo à mesa todos os atores, incluindo os pequenos agricultores. Como Francesco Sottile apontou: “o quebra-cabeças da Europa tem peças grandes e pequenas, todas são igualmente importantes, incluindo os pequenos agricultores com seus conhecimentos, sua experiência e seu amor natural pela agricultura.”

No Slow Food, acreditamos que a agroecologia será a chave para produzir uma imprescindível transição para sistemas alimentares sustentáveis na Europa, e incentivamos os Estados-Membros a adotarem esta abordagem inovadora ao elaborarem seus planos estratégicos nacionais, dando forma ao futuro da agricultura em seus países e na Europa.

Para mais informações:

Slow Food International Press Office
[email protected]
Paola Nano (+39 329 8321285) – Alice Poiron ([email protected])

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