Estima-se que, na União Europeia, vinte por cento dos alimentos produzidos acabam desperdiçados ou perdidos.
Essa situação não pode continuar assim, o desperdício de alimentos deve se tornar um problema do passado, graças à transição para um sistema alimentar sustentável. O combate ao desperdício alimentar requer ação ao longo de toda a cadeia de abastecimento, sendo uma consequência sistêmica de nosso sistema alimentar. Só pode ser bem sucedido se os municípios, urbanos ou rurais, trabalharem com as comunidades agrícolas e os produtores de alimentos nos cinturões verdes ao redor das cidades e nas áreas rurais.
Por isso, o Slow Food e a Zero Waste Europe desenvolveram umas diretrizes para os municípios para reduzir a produção de resíduos alimentares, seguindo exemplos de projetos e iniciativas adotadas com sucesso em toda a Europa.
Marta Messa, diretora do Slow Food Europa, informa: “Por meio dessas diretrizes, pretendemos mostrar e dar exemplos concretos sobre o que um município pode fazer para reduzir o desperdício de alimentos como parte de uma transição mais ampla para sistemas alimentares sustentáveis, inclusive oferecendo incentivos ou um apoio financeiro a iniciativas locais, desenvolvendo um quadro regulatório, mas também fornecendo espaços físicos, consultoria, promovendo doações de alimentos e conscientizando sobre a questão do desperdício alimentar. O documento apresenta ações concretas que os municípios podem realizar, mas também informa sobre como os municípios podem incentivar os sistemas alimentares locais”.
Estudos de caso envolveram Paris e Mouans-Sartoux na França; Milão na Itália; Porto em Portugal; Ghent e Bruges na Bélgica, e mais de 300 cidades na República Tcheca; Ljubljana na Eslovênia, e Pontevedra na Espanha.
Na União Europeia (UE), a legislação vigente continua sendo insuficiente para agir de forma incisiva sobre o tema. A Diretiva-Quadro relativa aos Resíduos menciona apenas uma redução de 50% até 2030 para consumidores e comércio que, contudo, não se tornou obrigatória. Entretanto, a estratégia da UE “Farm to Fork” (“do Prado ao Prato”), recentemente implementada, abre o caminho para a adoção de metas obrigatórias, que serão baseadas na medição do nível de resíduos alimentares que os Estados-Membros terão que alcançar até 2022.
A fim de combater o desperdício de alimentos e, de modo mais geral, garantir uma transição adequada para sistemas alimentares sustentáveis, a União Europeia criou a política de pesquisa e inovação Food2030 da UE, que assenta em 4 prioridades transversais, entre elas a circularidade e eficiência de recursos, com um objetivo claro: alcançar a meta de zero desperdício de alimentos. Dezenas de cidades na Europa estão desenvolvendo políticas com o objetivo claro de implementar localmente essas prioridades.
Os municípios têm um papel importante e uma grande responsabilidade na formação dos sistemas alimentares locais e no combate ao desperdício alimentar. As recomendações publicadas pela Zero Waste Europe e pelo Slow Food representam uma ferramenta concreta para as 11 cidades envolvidas no projeto Food Trails, do qual o Slow Food é parceiro, bem como os outros projetos em andamento da Food2030.
Gabinete de Imprensa do Slow Food Internacional
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O Slow Food é uma rede mundial de comunidades locais fundada em 1989 para combater o desaparecimento das tradições alimentares locais e a disseminação da cultura do fast food. Desde então, o Slow Food cresceu e se tornou um movimento global que envolve milhões de pessoas em mais de 160 países e trabalha para que todos possamos ter acesso a alimentos bons, limpos e justos.