A nova Fortaleza de Farinha de Manioca Kirirí está nascendo no Brasil

Resultado da colaboração com o FIDA, visa promover a produção e beneficiamento de mandioca, símbolo dos povos indígenas.

O Slow Food e o FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola) trabalham juntos para fortalecer as comunidades indígenas, especialmente os jovens, protegendo e promovendo sua herança alimentar e apoiando a sustentabilidade e a resiliência de suas práticas. Graças ao projeto de três anos Capacitar jovens indígenas e suas comunidades para defender e promover seu patrimônio alimentar, estarão envolvidos 300 jovens indígenas e mais de 500 produtores indígenas das Fortalezas* Slow Food e da rede Indigenous Terra Madre e FIDA.

Os principais países envolvidos são Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, México e Quênia. Cinco Fortalezas indígenas serão fortalecidas e cinco novas Fortalezas serão articuladas. Destas dez Fortalezas, duas serão selecionadas para a criação de um sistema destinado a promover a comercialização de produtos de povos indígenas, identificando novos tipos de rotulagem ou modelos de certificação participativa.

A articulação da nova Fortaleza de Farinha de Mandioca Kirirí no Brasil é o resultado da colaboração entre o Slow Food e o FIDA. Este último colabora desde 2006 com a ACIKSAM (Associação Comunitária Indígena Kirirí Santo André de Marcação) no Sertão, região semi-árida do nordeste do país onde vive o povo Kirirí, que significa literalmente silencioso, taciturno. O objetivo da Fortaleza é recuperar a produção de mandioca e melhorar as técnicas tradicionais de beneficamento. Além disso, prevê a inclusão dos jovens Kirirís dentro do sistema produtivo, estimulando sua participação e representação política dentro da comunidade, e o envolvimento destes na rede Indigenous Terra Madre. Até hoje, apenas vinte jovens Kirirí estão envolvidos no cultivo, produção e beneficiamento da farinha.

Os Kiriri são uma fonte de inspiração para os povos indígenas que lutam pelo acesso à terra. De fato, em 1990, após quinze anos de batalhas, o governo federal brasileiro reconheceu aos povos indígenas o direito à terra que eles sempre viveram, restaurando os espaços onde as populações não-indígenas se instalaram. No entanto, o método tradicional de processamento da mandioca sofreu uma grave crise devido ao gradual desaparecimento das chamadas casas de farinha (unidades de processamento) e a severa seca que atingiu o Sertão entre 2011 e 2017. Os Kirirí têm recentemente retomado o cultivo de sua planta simbólica, que poderia representar uma importante fonte de renda, bem como uma importante fonte de segurança e soberania alimentar.

A mandioca é cultivada de outubro a dezembro e é colhida entre julho e agosto. A raiz é ralada e colocada dentro de grandes folhas ou sacos, por sua vez enrolados e espremidos para permitir que a água escape. A massa obtida após este processo é peneirada para obter a farinha que é cozida em fogo baixo em uma panela e comumente consumida em acompanhamento para a carne proveniente da caça ou pesca. Também pode ser usada para preparar beijus e susú (farinha de mandioca torrada, servida com peixe ou carne de porco salgada). Em vez disso, a água é coletada em um balde para permitir que o goma (amido de mandioca) se estabilize. É usada para a preparação de bolachas ou cuscuz de mandioca, muitas vezes acompanhados de coco ralado.

* Fortalezas Slow Food. Esses projetos defendem as produções de qualidade em risco de desaparecimento; protegem regiões e ecossistemas únicos; recuperam métodos de produção artesanal e preservam raças animais autóctones e variedade vegetais locais. Cada Fortaleza envolve uma comunidade e fornece assistência técnica para melhorar a qualidade produtiva, identificar novas oportunidades de mercado local e nacional e organizar trocas com produtores em nível internacional, através de grandes eventos promovidos pelo Slow Food.

Para mais informações, contate:

Pessoa de Contacto Slow Food

Reveca Cazenave-Tapie – +55 71 86148081 – [email protected]

Responsável Pelos Produtores

Fabiana Santiago – +55 75 99030797 – [email protected]

Gabinete de Imprensa do Slow Food Internacional

[email protected] – Twitter: @SlowFoodPress

Slow Food é uma organização internacional presente localmente, que promove o alimento bom, limpo e justo para todos: bom por ser saudável além de prazeroso do ponto de vista organoléptico; limpo por ser amigo do meio ambiente e do bem-estar animal; justo por respeitar o trabalho de quem produz, processa e distribui. 

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