PLANT THE FUTURE. Respeite os animais, preserve o planeta
26 Ott 2023 | Portuguese
Embargo até 27 de outubro
O Slow Food identifica seis elementos-chave como base do novo relatório do processo participativo apresentado durante o evento Slow Beans, em Capannori (Itália), que traça o caminho para a estratégia futura do movimento
O novo relatório do processo participativo do Slow Food dá voz à rede Slow Food e apresenta os resultados de um diálogo global entre agricultores, pescadores, pequenos produtores de alimentos, povos indígenas, cozinheiros, jovens, educadores e ativistas a respeito de uma transição para uma alimentação saudável e rica em vegetais, que favoreça a produção agroecológica e a pesca artesanal. “Chegou a hora de dizer firmemente: todos sabemos como o aumento do consumo de alimentos industriais de origem animal das últimas décadas foi prejudicial para a segurança alimentar e a saúde humana; catastrófico para o bem-estar animal; e como tem contribuído para a emergência climática”, comenta Richard McCarthy, membro do Conselho do Slow Food. “Precisamos agir e precisamos fazer isso já. O nosso sistema alimentar desempenha um papel fundamental no que diz respeito à perda de biodiversidade, emissões ou poluição, especialmente em termos de impacto da agricultura industrial e da pesca intensiva sobre o meio ambiente, saúde pública, soberania alimentar, direitos dos animais e muito mais.” O que o Slow Food pretende fazer, em particular com este relatório, é traçar uma visão mais ampla, que apoie a agroecologia. “Dentro dessa perspectiva, precisamos levar em conta que uma parte significativa da população global não tem acesso a alimentos produzidos de forma sustentável e artesanal, e o nosso objetivo é dar voz aos segmentos mais marginalizados da população, voltando a atenção para as necessidades locais”, acrescenta Francesco Sottile, membro do Conselho do Slow Food. No relatório “Plant the Future”, a voz da rede Slow Food emerge sobre os temas mais atuais, da agricultura e pesca intensivas ao uso de pesticidas, da soberania alimentar à saúde pública. “A solução é a agroecologia, entendida como abordagem holística e integrada, que aplica ao mesmo tempo conceitos e princípios ecológicos e sociais à gestão de sistemas agrícolas e alimentares sustentáveis”, conclui. Mais do que apenas um conjunto de práticas agrícolas, o Slow Food, juntamente com muitas organizações da sociedade civil, está convencido de que a agroecologia pode desempenhar um papel importante na mudança das relações sociais, no empoderamento das comunidades locais e na priorização de cadeias produtivas curtas.
Resposta do Slow Food
Para introduzir um novo tema político delicado, dando prioridade às ações, o Slow Food realizou um processo participativo com sua rede, para reunir os conhecimentos diretos sobre a situação nos contextos locais. Treze mesas-redondas foram convocadas em março e abril de 2023, envolvendo mais de 200 pessoas de aproximadamente 50 países, representando todos os continentes e grupos de interesse específicos. Nessas sessões, foram discutidas as questões mais urgentes relacionadas à criação animal e à pesca em diferentes áreas, possíveis soluções e as prioridades nas quais o Slow Food está comprometido de acordo com as necessidades da rede local.
“O objetivo deste relatório é apresentar uma análise dos resultados deste processo participativo, que reflete e inclui as vozes de uma multidão global, incluindo grupos que muitas vezes ficam à margem dos debates. Esses resultados serão usados para desenvolver uma nova estratégia do Slow Food para abordar essas questões à luz da diversidade de contextos e prioridades locais, e para traçar um cronograma em preparação para o próximo Congresso Internacional de 2026”, comenta Ottavia Pieretto, Diretora do Programa Slow Food. “Os resultados refletem a complexidade e a diversidade da rede Slow Food em todo o mundo, ficando evidente que não há um caminho único para combater a agricultura industrial e a pesca intensiva em favor da agroecologia. As soluções devem ser adaptadas ao contexto ambiental, social e econômico local.”
Rejeite a agricultura industrial e a pesca intensiva. Escolha a agroecologia
Ao se referir a alimentos “à base de plantas”, a rede Slow Food pretende se distanciar dos alimentos ultraprocessados, que geralmente são produzidos a partir de uma agricultura intensiva e de monoculturas, sem que haja informações sobre o uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos. Portanto, é importante destacar como uma alimentação rica em vegetais inclua alimentos de origem animal de criações agroecológicas, acrescentando ao mesmo tempo vegetais, frutas, leguminosas, nozes e também cogumelos e algas marinhas, contribuindo para uma alimentação mais saudável. Além disso, a rede Slow Food pediu claramente para incentivar a introdução de alimentos de produção agroecológica de origem animal, apoiando pastores, pescadores e produtores de queijo que diariamente escolhem e implementam práticas agroecológicas.
Dentro dessa reflexão, as leguminosas representam uma valiosa fonte de proteína, sendo uma solução para muitos dos desafios que enfrentamos: o seu cultivo, se seguir métodos baseados em princípios agro-ecológicos, tem baixo impacto ambiental quando comparado a produtos industriais de origem animal ou a cultivos industriais de leguminosas, tendo emissões de gases de efeito estufa significativamente menores, bem como menor uso de água e solo. As leguminosas devem ser consideradas como um componente valioso e enriquecedor da nossa alimentação, e não simplesmente como uma substituição de produtos de origem animal. É por isso que o Slow Beans, evento que acontecerá em Capannori (Itália) de 27 a 29 de outubro, é uma oportunidade perfeita para apresentar este documento.
O relatório Slow Food Plant the future em 6 pontos
- Agroecologia – Para a maioria das comunidades Slow Food, a agroecologia representa a base para garantir o acesso universal a uma alimentação rica em nutrientes que respeite suas culturas; para preservar a biodiversidade e os recursos naturais; para enfrentar a crise climática e restabelecer o papel central de agricultura e agricultores no sistema alimentar, garantindo justiça social e direitos humanos. Além disso, é preciso que haja uma formação em agroecologia em todos os níveis.
- Consumo excessivo – A carne e os produtos de origem animal são consumidos de forma diferente em todo o mundo: na maior parte do Norte Global, há um consumo excessivo de produtos industriais de origem animal, enquanto milhões de pessoas não têm garantido o direito à alimentação.
- Grilagem de recursos – As populações do Sul Global, bem como os povos indígenas, são vítimas de grilagem de recursos, um processo que permite a própria existência do sistema alimentar industrial global, baseado, em grande parte, em produtos industriais de origem animal, que dependem de ração importada.
- Necessidades locais – Não existe uma solução mágica que possa ser implementada em todos os países: abordagens diferentes devem ser elaboradas de acordo com as questões mais urgentes em contextos locais específicos. Para abordar de forma mais apropriada as questões relacionadas à crise climática, à criação intensiva de animais e à pesca industrial, os alvos principais são os produtores de alimentos, cozinheiros, jovens e tomadores de decisão, a partir do nível local.
- Soluções fake: Ao abordar o tema da criação industrial de animais, a rede Slow Food declara-se firmemente contrária às “soluções” propostas que vêm dos mesmos modelos industriais que levaram ao sistema alimentar atual, como a carne produzida em laboratório, alimentos altamente processados (mesmo quando à base de plantas) e a produção industrial de insetos para alimentação.
- Esforços conjuntos: uma situação tão complexa exige um esforço coletivo, unindo organizações, centros de pesquisa, políticos, universidades e autoridades locais.
Esse processo foi possível graças à colaboração com o Meatless Monday, um movimento global que incentiva as pessoas a reduzir o consumo de carne para sua própria saúde e para a saúde do planeta, em associação com o Johns Hopkins Center for a Livable Future.
O relatório PLANT THE FUTURE. Respeite os animais, preserve o planeta está disponível aqui.
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