Terra Madre: o futuro é agora

“Chegamos como delegados e voltamos para casa como ativistas. Durante esses cinco dias na Itália, sentimos a paixão e o entusiasmo do Terra Madre, ao lado de 3.000 delegados de 120 países. Juntos, planejamos o futuro e criamos novas alianças”, comentou Edward Mukiibi, presidente do Slow Food, lembrando a edição do Terra Madre Salone del Gusto, que encerrou ontem. Durante esse evento acontecem os encontros mais significativos, refletindo o trabalho da rede global do Slow Food sobre políticas alimentares. No Terra Madre Salone del Gusto, reúnem-se milhares de agricultores, pastores, pescadores, produtores, cozinheiros, educadores, ativistas e especialistas do setor, em Turim, na Itália.

“Olhando para o futuro, especialmente nesses tempos difíceis, queremos criar ainda mais oportunidades para que a nossa rede global de mais de 1 milhão de ativistas e aliados se conecte pessoalmente, construindo relações e realizando ações coletivas. Em 2025, queremos realizar vários eventos regionais, como o Terra Madre Américas em Sacramento, Califórnia, EUA; o Terra Madre Asia and Pacific em Bacolod, província de Negros Occidental, nas Filipinas; e o Terra Madre Nordic Countries na Noruega. Também estamos desenvolvendo ideias para o Terra Madre Indigenous People e trabalhando para o Terra Madre Africa, em breve”.

Durante o Terra Madre, foi lançada uma iniciativa importante, das Slow Food Farms, que se tornará a maior rede global de propriedades rurais dedicadas a alimentos bons, limpos e justos, com base nos princípios da agroecologia. “Nos últimos cinco dias, mais de 250 participantes de 57 países participaram de sessões de capacitação. Já estão prontos para dar vida à iniciativa em suas regiões. O nosso objetivo, até julho de 2025, é envolver 1.000 Slow Food Farms, trabalhando junto com grupos locais e aliados do Slow Food, para apoiar os agricultores”, continuou Mukiibi. “Tudo começa na fazenda, que alimenta as comunidades e os ecossistemas locais. Mas as fazendas também são locais de educação e defesa. O Slow Food quer ampliar as vozes desses agricultores, conectando-os a uma comunidade global de ativistas, chefs, consumidores, artesãos, pescadores e colegas agricultores que há muito tempo fazem parte desse movimento.”

Esse foco nas propriedades rurais está diretamente ligado a uma verdade muito mais abrangente: nosso futuro depende da natureza. Como Edie Mukiibi explicou: “Dizer ‘nós somos a natureza’ faz nos lembrar que, quando destruímos a natureza, estamos destruindo a nós mesmos”. Esse é o recado desta edição do Terra Madre, junto com um apelo pela paz e solidariedade com todos aqueles que não puderam estar presentes devido aos conflitos e aos problemas geopolíticos e sociais no mundo inteiro”.

Os visitantes do Terra Madre ouviram essas ideias nas palavras dos 700 palestrantes, nas muitas conferências e experiências pessoais de centenas de agricultores, cozinheiros, artesãos e ativistas que animaram o mercado e participaram de mais de 1.000 eventos.

Mais uma vez, o Terra Madre provou ser um espaço importante para aprender, trocar soluções e construir relações entre delegados, parceiros e organizações – todos trabalhando com a mesma visão, em prol de um alimento bom, limpo e justo para todos.